sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Ascenção da China


 A China era até ao final dos anos 70 do século XX um país pobre; as reformas sobre a liderança de Deng Xiaoping com taxas de crescimento anuais de cerca de 9% em média é que permitiram quadruplicar o seu produto interno bruto anual em cerca de vinte anos. O poder económico actual da China deve-se por um lado, ao seu processo de reformas iniciado com a sua abertura ao mundo exterior em 1978, que transformou um país até aí predominantemente rural e politicamente fechado num actor indiscutível da economia global actual, e por outro lado à sua entrada na Organização Mundial do Comércio a 11 de Dezembro de 2001. Acresce ainda, as apostas frutuosas tais como o envolvimento bilateral ou multilateral com os países do continente africano e no espaço sul-americano. Com esta nova postura, a China passou a dominar cerca de 10% do comércio internacional actual, e ocupa desde 2006 o segundo lugar na economia mundial só sendo ultrapassada pelos Estados Unidos da América. No entanto, acredita-se que até ao ano 2025, a China conseguirá destronar o seu “rival”.
   As constantes oscilações do mercado mundial devem-se muitas vezes ao comportamento das autoridades chinesas. Por exemplo, as exportações de produtos de baixa qualidade têm tido efeitos nefastos nos preços e salários, que levaram aos níveis de desemprego preocupantes que reinam hoje em dia nos países desenvolvidos. Apesar de fazer parte dos 5 membros permanentes do Conselho de Segurança desde a criação das Nações Unidas em 1945, a China tem vindo cada vez mais a ser vista como uma potencial ameaça por diversas razões. Nomeadamente, porque as suas exportações esmagam a concorrência eliminando empresas e empregos noutros países; ou porque os investimentos chineses no contexto da política chinesa de segurança energética minam o efeito das sanções impostas pelos países ocidentais, ou simplesmente diminuem a influência de instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional; o desrespeito do regime chinês pelos direitos humanos a nível interno é indicador da probabilidade de comportamentos agressivos no plano externo; ou porque a modernização militar da China e a concentração de mísseis balísticos chineses na margem continental do estreito de Taiwan fundamentam teorias sobre intenções expansionistas chinesas à escala regional e global.
A ascensão da China levanta um problema intelectual novo, porque não há registos históricos de uma ascensão económico-militar de uma unidade política que por si só representa 1/5 da Humanidade e entre outras coisas, o continuado desenvolvimento económico chinês ameaça a segurança do abastecimento de matérias-primas de muitos outros países e o equilíbrio económico global. Assim podemos levantar duas grandes questões:
- Será o Estado chinês capaz de se manter ou pelo contrário, irá ele fragmentar-se e implodir? E se ele se mantém, qual será a forma de organização politica que um tal Estado assumirá?
 - E quanto à preservação e longevidade da ordem internacional vigente? Como devemos olhar para a emergência de uma grande potência constituída por 1300 milhões de indivíduos?

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